No próximo dia 18 de Junho fará um ano que José Saramago nos deixou. Publicado em 1991, O Evangelho Segundo Jesus Cristo foi o seu livro mais polémico. O livro era candidato a melhor romance europeu do ano quando, o governo de então, liderado por Cavaco Silva, decidiu censurar a participação da obra nessa distinção. Em virtude disso, Saramago foi viver para a ilha espanhola de Lanzarote com a sua esposa Pilar del Rio. Não ganhou esse galardão, mas em 1998 tornou-se o único autor de língua portuguesa a vencer o Premio Nobel da Literatura, o mais importante prémio literário mundial.
A figura central deste romance é Jesus, filho de José e de Maria. Jesus vive maritalmente com Maria de Magdala que antes de o conhecer era prostituta. São muitos os temas abordados ao longo do livro. É através de Jesus que ficamos a saber, por exemplo, que Deus tem pouco ou nenhum respeito pelas mulheres; ou que adora que em sua devoção lhe sacrifiquem animais vivos, mas só se estes não tiverem qualquer espécie de deficiências; em diálogo com Jesus, Deus revela que para ambos se tornarem famosos terão que existir muitas guerras, assim como as Cruzadas e a Inquisição, onde milhares de pessoas serão mortas, outras torturadas, outras ainda mutiladas (“quanto de morte e de sofrimento vai custar a tua vitoria sobre os outros deuses, com quanto de sofrimento e de morte se pagarão as lutas que, em teu nome e no meu, os homens que em nós vão crer travarão uns contra os outros”). No fim do livro Jesus afirma, referindo-se a Deus: “Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez.”
Este é um livro para ser lido tanto por crentes como por ateus porque como o autor afirma: “ Tudo quanto interessa a Deus, interessa ao Diabo.”
Boa leitura…